Categoria: Santos do dia

  • Eucaristia

    Ao recebermos o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia, devemos imaginá-Lo vindo à nossa alma da mesma forma como Ele entrava na casa dos doentes que ia curar: com afeto, semblante sereno, transbordante de bondade, disposto a ouvir e desejoso de fazer o bem. Em seguida, operava o milagre, concedia a graça.

    Tal é o amor com que o Deus infinito olha para nossa alma e nos espera. É para tal intimidade que nos convida. Nunca seremos tão íntimos de alguém quanto de Nosso Senhor, na Sagrada Eucaristia!

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência em 15/9/1973)

  • Viver e morrer de amor

    Santa Teresinha do Menino Jesus, declarada por João Paulo II Doutora da Igreja, foi também brilhante escritora e poetisa: talentos que exercitou no convento carmelita de Lisieux a fim de propagar o que ela chamava a sua “pequena via” rumo à santidade. Dr. Plinio nos comenta um dos mais célebres poemas da santa, “Vivre d’Amour”.

    Entre as diversas poesias escritas por Santa Teresinha do Menino Jesus, uma é atraente pelo simples título: “Viver de amor”. Divide-se em duas partes bem concatenadas: primeiro, a santa fala em viver de amor; em seguida, em morrer de amor.

    Almas purificadas no amor a Deus

    Parece-me que os trechos mais característicos da “pequena via”(1) — fundada por Santa Teresinha — são estes:

    Viver de amor é banir todo o temor!

    Toda lembrança das faltas do passado.

    De meus pecados não vejo na minha alma nenhuma marca,

    Pois num instante o amor tudo apagou.

    Chama divina, ó doce fornalha,

    Em teu seio eu fixo minha habitação;

    E em tuas labaredas canto à vontade:

    Eu vivo de amor!

    O belo pensamento contido nessa estrofe pode ser assim interpretado: naqueles que são incapazes de grandes lutas e embates, e seguem a “pequena via”, a ação da graça é tão profunda que eles se deixam conduzir pelo enlevo por Nosso Senhor Jesus Cristo e Nossa Senhora. Enquanto na grande via, normalmente, os pecados deixam durante muito tempo — e às vezes, pela vida inteira — seu rastro, nas almas que vivem de amor, as da “pequena via”, não devem se lembrar nem se preocupar com suas faltas passadas, porque o amor de Deus as tocou e consumiu todas as marcas daquelas misérias.

    Então, cumpre não ter mais pensamentos que perturbem e desnorteiem, mas dirigir os olhos apenas para o Altíssimo, e compreender que, para as almas da “pequena via”, o amor de Deus queima e purifica tudo. Em nada lhes aproveita, pois, falar do passado.

    Grande tesouro num vaso mortal

    Nessa poesia há outra parte que, sob certo ponto de vista, é ainda mais ousada. Não fala dos pecados passados, remotos — já sepultados, porque a alma deles se arrependeu, e a respeito dos quais parece mais especialmente tratar o trecho anterior — mas de certas faltas que a pessoa, de vez em quando, volta a cometer. Assim, diz Santa Teresinha:

    Viver de amor é guardar em si mesmo

    Um grande tesouro num vaso mortal.

    Meu bem-amado, a minha fraqueza é extrema,

    Ah! Como estou longe de ser um anjo do Céu!

    Tais palavras denotam o receio de Santa Teresinha em cometer algum pecado. Ela, uma santa tão grande, porém da “pequena via”, acentua o pensamento de que é um vaso mortal, capaz de se quebrar com facilidade. Portanto, achava-se distante de ser um anjo do Céu e podia cair em pecado.

    Proteção e ternura especiais de Deus

    Mas, nas horas de fraqueza, Nosso Senhor a socorre, a levanta: Tu vens a mim, Tu me dás tua graça, eu vivo de amor. Quer dizer, a cada momento em que a pessoa comete uma falta — diz a Escritura que o justo peca sete vezes, isto é, tem falhas, lacunas, lapsos — e pede perdão, Nosso Senhor oscula essa alma e remedeia os efeitos do pecado praticado.

    Assim, com toda a tranqüilidade, apesar da borrasca em que está, a pessoa pode viver de amor. Trata-se de uma proteção e uma ternura especialíssimas de Deus para com as almas pequenas que se deixam enlevar e consumir por esta forma de amor para com Ele.

    Como se vê, é a ideia fundamental da “pequena via — como, aliás, do espírito de Santa Teresinha — expressa com muita meiguice, de um lado, e de outro, com muita força e sabor.

    “Realiza-se o meu sonho, morrer de amor”

    Por fim, ela fala em morrer de amor:

    Morrer de amor é um bem doce martírio.

    É aquele que eu gostaria de sofrer.

    Ó Querubins, afinai vossas liras

    Porque eu sinto: meu exílio vai terminar;

    Dardo inflamado, consuma-me sem cessar,

    Vida transitória, teu fardo me é bem pesado.

    Divino Jesus, realiza-se o meu sonho:

    Morrer de amor!…

     

    Morrer de amor, eis a minha esperança

    Quando se romperem os meus laços.

    Meu Deus será minha grande recompensa.

    Outros bens não desejo possuir.

    De seu amor quero ser inflamada,

    Quero vê-Lo, unir-me a Ele eternamente.

    Eis o meu Céu, eis o meu destino:

    Viver de amor!!!

    Percebe-se que havia na alma de Santa Teresinha um sopro do Espírito Santo para que ela se consagrasse como vítima ao Amor Misericordioso, e aceitar essa forma de martírio prematuro em benefício das almas que deveriam ser salvas. Mais do que isso: para o serviço e a glória de Deus.

    Ela deseja morrer de amor a Deus e prevê, pressente — por essas premunições interiores misteriosas da graça — que o enlevo haveria de crescer em sua alma a ponto de lhe tirar a vida. Então, sentindo que a morte se aproxima, ela a saúda como uma libertadora que lhe romperá o cárcere do corpo, permitindo-lhe, afinal, tocar nas paragens magníficas onde se encontra Deus Nosso Senhor. Ou seja, o Paraíso Celeste, no qual ela espera viver eternamente.

    Viver de amor, morrer de amor: este é o tocante pensamento de Santa Teresinha, expresso em sua bela poesia. 

     

    Plinio Corrêa de Oliveira, (Extraído de conferência na década de 1970)

     

     

    1 ) Conforme o pensamento de Santa Teresinha, trata-se da via do reconhecimento da própria fraqueza e da ausência de coragem, de força de vontade para enfrentar imensos sacrifícios. E da convicção de que Nosso Senhor se compadece das almas fracas, pequenas em comparação com a dos grandes santos do passado, assistindo-as com bondade e abundância de graças que suprem nelas as lacunas de dons maiores que a natureza não lhes proporcionou (cf. “Dr. Plinio” nº 91, outubro de 2005).

     

  • Esplendores da piedade Eucaristica

    Em sua divina sabedoria, a Igreja sempre soube fazer face de modo admirável aos ataques de seus adversários, mormente quando estes incidiram sobre valores fundamentais da piedade católica.

    Ela assim procedeu, por exemplo, no século XVI, diante da heresia que negava a presença real de Nosso Senhor no Santíssimo Sacramento.

    A condenação desse erro no campo doutrinário, foi complementada por um surto de entusiasmo e fervor na celebração do culto eucarístico. Surgiram as grandes cerimônias e procissões em louvor ao Santíssimo Sacramento no mundo inteiro.

    A data mais apropriada para tais manifestações de devoção era, sem dúvida, a festa de Corpus Christi, instituída na Idade Média. Ganhou ela, assim, um novo incentivo e um novo porte, revestindo-se de todas as pompas e riquezas que a Liturgia gerou especialmente para essa extraordinária forma de revanche aos ataques das heresias. Levar-se-ia triunfalmente pelas ruas o próprio Deus, presente na hóstia consagrada, como quem afirma: “Vamos proclamar desta forma nossa fé no Santíssimo Sacramento. Proclamamos tão ostensiva e magnificamente para sobrepujar a cacofonia do erro com as melodias, as fanfarras e a presença da população católica”.

    E como não conservar na lembrança as procissões das quais participamos no entusiasmo de nossa alma, quando o bulício das agitações cotidianas cedia lugar à paz e quietude de um feriado religioso, onde o silêncio da rua era interrompido apenas pelos cânticos e invocações de louvor ao Santíssimo Sacramento!

    As ruas artisticamente atapetadas de flores, formando desenhos de hóstias, cordeiros e outros símbolos eucarísticos, indicavam o trajeto da procissão. As calçadas apinhadas de gente enlevada e piedosa, que se ajoelhava à passagem do Divino Homenageado, conduzido pelo bispo ou sacerdote no seu ostensório de ouro cravejado de pedras preciosas, sob um dossel ou uma umbrela que lhe servia ao mesmo tempo de proteção e ornamento.

    A cena se repete nos mais variados recantos da Terra, desde pequenas cidades interioranas até a Praça de São Pedro, em Roma, onde o próprio Sumo Pontífice leva o adorável Corpo de Cristo à frente de uma imensa multidão de fiéis que o seguem pelas famosas colunatas de Bernini, sob o repicar festivo dos sinos.

    O mesmo se vê em ruas seculares de cidades européias

    — como, por exemplo, Toledo e Sevilha, na Espanha — com requintes de solenidade e esplendor que só a piedade católica seria capaz de conceber para honrar dignamente a Sagrada Eucaristia.

    Assim era também nas ruas da Viena imperial, onde as procissões em louvor do Santíssimo alcançaram um ápice de magnificência, na época em que o poder temporal se curvava diante do Rei dos reis e Senhor dos senhores.

    Abaixo, o leitor poderá beneficiar-se com a narração de uma dessas esplêndidas celebrações, realizada na bela Capital austríaca em 1912, por ocasião do Congresso Eucarístico de Viena. Dela participaram o Imperador Francisco José à frente dos grandes dignitários do Império, tropas militares com suas bandas e fanfarras, e centenas de milhares de fiéis.

    Às oito horas, a tropa já tinha tomado posição. O cortejo, composto exclusivamente de homens, saía do átrio da catedral de Santo Estevão, enquanto 150 mil mulheres e moças formavam-se em duas alas desde a catedral até a porta monumental que dava acesso ao palácio imperial.

    Primeiramente avançam as paróquias de Viena, em seguida os magnatas húngaros, os tiroleses em número de oito mil, os bósnios, os tchecos, os moravos, os rutenos e os romenos. Eis a seguir as delegações estrangeiras: os franceses, os espanhóis, os italianos, os ingleses, os alemães, etc.

    São onze horas e meia. O clero vai entrar em cena. Compõe-se de cinco mil sacerdotes e religiosos ordenados hierarquicamente: simples padres, párocos, monges de todas as Ordens, cônegos e, encerrando o bloco, duzentos bispos com capa, mitra e báculo.

    Fanfarras de trompetes anunciam o terceiro cortejo — do Santíssimo Sacramento — atrás do qual seguirá o do Imperador-Rei. Na primeira linha estão escudeiros vestidos de vermelho rutilante; em seguida, militares da corte, com “panache” branco, montados em cavalos cinzas; os dragões e os hussardos. Ainda um esquadrão de cavalaria e eis que surgem os cardeais.

    Fanfarras ressoam, sinos tocam por toda parte e — precedida por oficiais, camareiros e pelo grande marechal da Corte — penetra na Helden Platz (Praça dos Heróis), a carruagem da coroação de Maria Teresa, pintada por Rubens, atrelada por oito cavalos negros. A parte alta é quase toda de vidro e pode-se ver comodamente o legado papal, ajoelhado ante um altar no qual está o ostensório.

    A chuva cessa por um momento e o sol deixa entrever alguns pálidos raios. Muitos caem de joelhos, sem se preocuparem com a lama. Aí então, num silêncio dos mais comoventes, passa o Deus da Eucaristia. Como Nosso Senhor deve ter abençoado estes humildes que se inclinam ante sua passagem, e ouvido os ecos de sua comovida piedade!

    Depois da carruagem de Nosso Senhor, eis agora a do Imperador. Numa carruagem atrelada por oito cavalos brancos, trajando uniforme azul, Francisco José olha fixamente o Santíssimo Sacramento, que ele acompanha. A seu lado está o arquiduque herdeiro.

    O cortejo termina por uma soberba cavalgada da guarda montada austríaca, da guarda montada húngara e pelas carruagens dos arquiduques. Desenvolve-se conforme o itinerário prescrito, mas é impossível celebrar a Missa, e mesmo dar a Bênção, no lugar onde está montado o altar. Uma feliz ideia é enunciada pelo legado papal: ele se volta em direção à multidão perfilada e seu carro percorre de novo a imensa praça. Através da vidraça da carruagem aparece nitidamente o prelado elevando o ostensório e abençoando a multidão. Todos ficam consolados por esta bênção suprema.

    Precedendo ou seguindo o Santíssimo Sacramento, os bispos, os cardeais e o Imperador entram então na capela do palácio imperial, onde o cardeal legado celebra a santa Missa, à qual assistem piedosamente o Soberano e toda a Corte.

    É uma hora da tarde: a imensa multidão se dispersa. Estão felizes por terem honrado a Sagrada Eucaristia, apesar da hostilidade dos elementos da natureza.

    Uma dama austríaca dizia: “Nosso Senhor quer nos mostrar que é preciso fazer face às dificuldades para seguiLo”.

    É um pensamento dos melhores. O Deus da Eucaristia quis permanecer o Deus escondido, mas, sem dúvida, quis receber estas homenagens dos grandes e dos humildes.

    Na verdade, tais são as vinculações e as harmonias insondáveis estabelecidas por Deus na sua obra que isto é assim: o Santíssimo Sacramento — Jesus Cristo em corpo, sangue, alma e divindade, que se encontra no alto dos Céus cercado por legiões de anjos que O adoram ininterruptamente — desce para percorrer as ruas, para estar com os filhos dos homens e fazer sua alegria neste convívio com cada um de nós.

    Assim como na Comunhão em que O recebemos no íntimo de nosso coração, Ele ali está, paterno, manso, cheio de bondade, e repetindo de um modo ou de outro a sua frase imortal: “Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração, e encontrareis paz para as vossas almas…”

  • A presença de Cristo entre os homens

    Em palestra feita numa Quinta-Feira Santa, dia da instituição do Santíssimo Sacramento do Altar, Dr. Plinio salienta nosso dever de agradecimento a Jesus e a Maria por esse dom de valor infinito.

     

    Hoje é o dia da instituição da Santíssima Eucaristia. Os senhores devem tomar em consideração a propósito da Santa Ceia, o seguinte pensamento que me ocorreu certa vez.

    Uma pessoa que tivesse Fé e soubesse que Nosso Senhor Jesus Cristo era Deus, assistisse à sua Crucifixão e estivesse informada de que depois viriam a Ressurreição e a Ascensão, essa pessoa poderia se perguntar: “Depois da Ascensão, nunca mais virá Ele à Terra? Então, até o fim do mundo Ele estará ausente? Seria isto arquitetônico? Seria razoável, tendo Ele feito pela humanidade tudo quanto fez?”

    Jesus Cristo imolou sua vida de um modo dolorosíssimo e resgatou todo o gênero humano. Ele quis condescender em contrair com os homens que Ele salvou essa relação tão especial, de ser Ele a cabeça do Corpo Místico, que é a Igreja. E quis, pela graça, estar continuamente com todos os homens até o fim do mundo, de maneira a, por ela, vir a ser a alma de nossa própria alma, o princípio motor de nossa vida sobrenatural. Poderia, então, haver deste lado tanta união com Ele e, uma vez Ele morto, uma tão completa, tão prolongada, tão irremediável separação? Seria possível que Jesus subisse aos Céus e cessasse assim a presença real d’Ele na Terra?

    Tudo clamava pela instituição da Eucaristia

    Não quero dizer que a Redenção e o sacrifício da Cruz impusessem a Deus, em rigor de lógica, a instituição da Sagrada Eucaristia. Mas pode-se dizer que tudo clamava,tudo bradava, tudo suplicava por que Nosso Senhor não se separasse assim dos homens.

    E uma pessoa com senso arquitetônico deveria entrever que Nosso Senhor arranjaria um meio de estar sempre presente, junto a cada um dos homens por Ele remidos. De forma tal que, depois da Ascensão, Ele estivesse sempre no Céu, no trono de glória que Lhe é devido, mas ao mesmo tempo acompanhasse passo a passo a via dolorosa de cada homem aqui na Terra, até o momento extremo em que cada um dissesse, por sua vez: “Consummatum est” (Jo 19,30).

    Como se faria essa maravilha?

    Essa hipotética pessoa não poderia adivinhá-la, mas deveria ficar sumamente suspeitosa de que, de algum modo, ela se realizaria. De tal maneira está nas mais altas conveniências da qualidade de Redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo — o qual é nosso Protetor, nosso Médico, nosso divino Amigo — que seria próprio d’Ele fazer por nós esse prodígio.

    Eu creio que se eu assistisse à Crucifixão e soubesse da Ascensão, ainda que não soubesse da Eucaristia, eu começaria a procurar Jesus Cristo pela Terra, porque não conseguiria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver com os homens.

    Presente em todos os lugares, em todos os momentos

    Esse convívio verdadeiramente maravilhoso de Jesus Cristo com os homens se faz, exatamente, por meio da Eucaristia.

    Em todos os lugares da Terra, em todos os momentos, Ele está realmente presente, nas catedrais opulentas e nas igrejinhas pobres. Quantas vezes, viajando em estradas de rodagem, encontramos umas capelinhas minúsculas, pobres, que dão para acolher apenas umas vinte ou trinta pessoas. Passamos por uma delas e comovemo-nos, pensando que nela Nosso Senhor Jesus Cristo esteve, está ou estará realmente presente — com toda a glória do Tabor, com toda a sublimidade do Gólgota, com todo o esplendor da Divindade — de tal maneira Ele multiplicou pela Terra a sua presença adorável!

    Olhamos para as pessoas que encontramos numa igreja, e pensamos: “Nosso Senhor Jesus Cristo está presente neste homem que comunga. Naquele outro, estará ainda nesta semana, talvez hoje mesmo, talvez amanhã. Estará presente tantas e tantas vezes! Eis um homem que vai ser transformado, embora por algum tempo, num sacrário vivo. Muito mais do que num sacrário, porque o tabernáculo contém as espécies eucarísticas, mas não comunga”. Aí nós podemos medir bem a prodigiosa obra de misericórdia realizada por Nosso Senhor, com a instituição da sagrada Eucaristia. Tanto quanto a presença d’Ele tem um valor infinito, tanto assim também tem valor infinito o fato de Ele estar realmente presente sob as sagradas espécies por toda a Terra, e em todos os homens que queiram condescender em O receber.

    É muito bom, também, imaginarmos as horas e horas e horas que Ele passa abandonado nos sacrários, adorado apenas por Nossa Senhora, pelos Anjos e Santos do Céu. Pensar nos homens ausentes e distantes, e Ele à espera de que um deles queira vir recebê-Lo. De tal maneira o Infinito se sujeita ao que é finito, Aquele que é a própria pureza e a própria perfeição, se sujeita às boas disposições e, mais ainda, às vezes às más disposições daqueles que bem mal O querem receber.

    Enlevo e gratidão

    Por pouco que se pense nisto tudo, nossa alma não pode deixar de transbordar de reconhecimento, de enlevo, de gratidão por aquilo que Nosso Senhor operou na Última Ceia. Só uma inteligência divina poderia excogitar a sagrada Eucaristia, poderia imaginar esse meio de estar presente por toda parte e de entrar em todos os homens. E só mesmo um Deus podia realizá-lo!

    Por mais que essas verdades sejam sabidas, é imperioso que nós detenhamos sobre elas nossa atenção e, por intermédio de Nossa Senhora, demos graças enormes a Deus, pela instituição da sagrada Eucaristia.

    Simplesmente agradecer “por intermédio” de Nossa Senhora?

    Se é verdade que todo dom vindo do Céu para os homens foi pedido por Ela — porque sem seu pedido o dom não teria sido dado — é verdade que Nossa Senhora pediu a instituição da sagrada Eucaristia, e foi pelos rogos d’Ela que Nosso Senhor Jesus Cristo a instituiu. Portanto, não devemos utilizá-La apenas como intermediária desse agradecimento, mas devemos agradecer também “a Ela” a sagrada Eucaristia.

    Devemos agradecer a Jesus, que condescendeu em instituí-la, e a Maria que, movida pela graça, pediu a Deus esse favor transcendentalíssimo, e o obteve para nós.

    É este pensamento que não pode deixar de estar presente nos nossos espíritos nesta Quinta-Feira Santa.

    A maravilha da Missa

    Há um pensamento transcendental, que também devemos ter em vista hoje, e que diz respeito ao santo Sacrifício da Missa. Os senhores sabem bem que a transubstanciação se opera no próprio ato em que Nosso Senhor Jesus Cristo renova a sua Paixão. A essência da Missa, que é a renovação da Paixão e Morte de Jesus Cristo, está na transubstanciação, que é o prodígio pelo qual o pão e o vinho se fazem Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelas palavras sacramentais pronunciadas pelo sacerdote. A Missa, que é ao mesmo tempo oferecimento e imolação, é também o ato determinante da presença real de Jesus sob as espécies que depois se conservam nos sacrários. Então, aquele homem que estivesse presente no Calvário, depois do “Consummatum est”, depois que as santas mulheres receberam o corpo descido da Cruz, depois que Nossa Senhora chorou sobre Ele e foi embalsamado, depois que Ele foi levado até o sepulcro, depois que a Cruz ficou sozinha no alto do Gólgota e todo mundo foi embora — aquele homem ali solitário, com o espírito cheio de Fé, compreenderia ser aquela Cruz o símbolo de um ato que tinha que se re-

    novar, de um ato que, pela mesma lógica, convinha enormemente que se multiplicasse.

    Esse ato, de fato, se renovou de um modo prodigioso por toda a Terra, e continuará se renovando até o fim do mundo, na Missa.

    Os teólogos dizem que o Sacrifício da Missa tem um valor tão inapreciável e infinito, ao pé da letra, que se em um determinado dia ela deixasse de ser celebrada, a justiça de Deus cairia sobre o mundo, dando-lhe fim.

    Houve um pintor — não me lembro qual — que pintou um quadro muito bonito, representando a última Missa sobre a Terra. Mostra ele, no meio do caos e da desordem, um padre que celebra a Missa, oferecendo a Deus o Sacrifício do Altar. Nesse momento, estão todos os Anjos prontos para cair sobre a Terra para executar a justiça de Deus e desencadear o fim do mundo. Mas eles todos estão parados, ainda, à espera de que a última Missa tenha sido celebrada. Porque tal é a reverência de Deus Padre para com o sacrifício de seu próprio Filho, a Ele oferecido na Missa, que nem o desígnio de acabar com o mundo O faria precipitar sua mão, antes desse sacrifício ser concluído.

    Sacerdócio e bondade de Deus

    Nós devemos considerar ainda que a Quinta-Feira Santa foi o dia da instituição do sacerdócio. O poder de consagrar foi conferido aos apóstolos nesta ocasião. Houve nesse dia, portanto, três maravilhas, conexas entre si: o Sacrifício, o Sacramento e o Sacerdócio, às quais se deve juntar o insigne ato do lava-pés.

    Entretanto, o dia da instituição da Eucaristia, que deveria ser um dia de alegria, um dia de júbilo, é um dia de júbilo misturado com tristeza. Tristeza por causa da Paixão que se aproxima. Tristeza por causa do ódio satânico que fervia em torno mesmo do Cenáculo, onde Nosso Senhor Jesus Cristo estava por essa forma consumando a sua obra. Tristeza por causa da tibieza dos apóstolos, da fraqueza daqueles que eram, entretanto, os primeiros e os mais imediatos beneficiários de todas essas maravilhas. Tristeza por causa do filho da perdição, que estava sentado entre os apóstolos e ia executar o crime nefando, o pior crime da História, o de vender por trinta dinheiros Nosso Senhor Jesus Cristo.

    E Ele, sendo Deus, tendo conhecimento de todas as coisas que iam acontecer, entretanto não trepidou em acumular tantas maravilhas sobre as pessoas desses pobres miseráveis que daí a pouco iam fazer tudo quanto fizeram, e do traidor por excelência, que fez tudo quanto fez.

    Os senhores estão vendo o que é a vocação. Os senhores estão vendo o que é a misericórdia de Deus, a qual nada consegue abalar ou demover. Jesus Cristo tinha intuito de construir o seu Reino sobre a Terra, tinha o intuito de fazer daqueles apóstolos os pilares desse Reino. De fato, Ele cumulou de dons esses apóstolos. Eles foram infiéis, mas esses dons não se perderam. Os apóstolos acabaram sendo fiéis e as intenções de Nosso Senhor Jesus Cristo acabaram se realizando.

    Graça a pedir na Quinta-Feira Santa

    Aqui nós temos um argumento para nos estimularmos no meio de nossas incontáveis fraquezas.

    Quantas razões para nós batermos no peito! Quantas razões para considerarmos as nossas confissões apressadas, as nossas comunhões mecânicas e sem piedade verdadeira! Quantas razões para pensar nas mil ocasiões em que estivemos abaixo de nossa vocação!

    Entretanto, Nossa Senhora continua a nos proteger, continua a nos ajudar, continua a nos conceder graças de toda ordem. Podemos esperar que Ela tenha a intenção misericordiosa de nos conservar como seus apóstolos para todo o sempre, para a criação do Reino de Maria, apesar de todas as nossas insuficiências, de nossas carências, de nos-sas infidelidades.

    E assim devemos nos inclinar a seus pés e pedir que Ela nos trate como tratou os apóstolos e obtenha para nós um trato análogo da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Quer dizer, pedir-Lhe que — fechando os olhos às nossas fraquezas e misérias passadas e presentes, e até mesmo àquelas que de futuro nós possamos ter — Ela queira não romper esse pacto de misericórdia que Ela estabeleceu conosco. Que Ela queira manter esse pacto e fazer chegar logo o dia mil vezes feliz em que nos confirme na fidelidade. E em que nós possamos, afinal, ser para Ela razão de uma alegria estável, permanente, durável, sólida e séria, por nossa grande fidelidade.

    Esta é a graça que na Quinta-feira Santa devemos especialmente pedir.

  • São Fernando de Castela, incansável batalhador

    São Fernando de Castela, incansável batalhador na reconquista espanhola, assim rezava: “Senhor, Vós que sondais os corações, sabeis que busco vossa glória e não a minha; não me proponho conquistar reinos perecíveis, mas difundir o conhecimento de vosso nome”.

    Façamos nossa, essa bela prece, a fim de alcançarmos a virtude da despretensão: “Em todas as nossas ações de apostolado, Senhor, procuramos exclusivamente vossa glória e não a nossa. Não almejamos conquistar para nós um prestígio perecível, mas difundir o conhecimento da verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo, isto é, da doutrina da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana!”

    (Extraído de conferência em 29/5/1968)

  • Santa Joana d'Arc

    Virgem heroica, virgem pura, virgem encantadora, Santa Joana d’Arc foi suscitada por Deus para restituir à França sua glória épica e cavalheiresca.

    A humilde pastora de Domrémy fora chamada a brilhar na corte de um rei, onde a inocência dela se revelou com a clareza do sol ao meio-dia; destinada a viver num campo de batalha onde, em meio a lamentáveis desregramentos, ela reluziu como um círio de cera puríssima em plena noite…

  • Santo Efrem – O convite de Deus a uma alma inocente

    Já assinalamos outras vezes que “Santo do Dia” era o título de uma série de conferências quase diárias dadas durante muitos anos por Dr. Plinio. Em cada ocasião, eram-lhe apresentadas as  biografias dos Santos celebrados na data, e ele escolhia uma delas para comentar. Foi o que ocorreu naquela noite de sextafeira, há cerca de três décadas…

     

    A festa de hoje é de Santo Efrém, da Síria, diácono, confessor e Doutor da Igreja. Chamado “cítara do Espírito Santo”, grande devoto da Virgem, lutou contra os hereges no século IV. Estamos também no terceiro dia da novena do Sagrado Coração de Jesus. Tenho ainda aqui a ficha da bem-aventurada Osana de Mântua.

    Qual delas comentar? Tenho certa preferência por esta última, porque nunca ouvi falar dessa bem-aventurada. Vejamos o que diz o autor: Osana Andreazzi, nascida em Mântua em 17 de Janeiro  de 1449, num esplendoroso palácio, pertencia a nobilíssima família vinda da Hungria. Com seis anos, um dia passeava sozinha pelas margens do rio Pó, quando ouviu uma voz clara, que lhe dizia  com firmeza: “A vida e a morte consistem em amar a Deus”. Extasiada, viu-se erguida do solo por um grande e belo Anjo. “Para entrar no Céu é necess ário que a Deus muito ames. Ama-o.

    Ele a tudo criou para que O amem”, disse o Anjo.

    Diante de Deus, então, ela rezou: “Ó Deus, Deus meu, por amor Vós me criastes para Vos amar e ser a Vós reconhecida por vossas imensas e inumeráveis bondades. Ó meu Deus e Senhor! inclinai os ouvidos de vossa bondade e escutai um pouco o meu pedido, não desdenheis minha intenção e meu santo desejo. Rezo, Senhor, porque tenho receio de não Vos amar e de não Vos conhecer  como deveis ser conhecido. Eis que, ó Bondade Eterna, estou disposta no meu espírito a só tomar a Vós. Ó meu doce Senhor! eu queria encontrar a maneira de, com atenção, poder abraçar-Vos a Vós só. Por isso rogo-Vos, iluminai-me com o fogo do Espírito Santo, ensinai-me, estabelecei-me de tal modo que perfeitamente possa amar-Vos e só a Vós, meu Deus, e de coração perfeito possa servir-Vos”.

    Um grande desejo de ser teóloga invadiua avassaladoramente. Mas o pai achava que aquilo não convinha a uma criança. Proibiu-lhe. Osana, então, recorreu à oração, e a própria Mãe de Deus veio  ensinar-lhe, ministrando-lhe lições.

    E a bem-aventurada dominou o latim, chegando a um sólido conhecimento da Escritura Sagrada, e podendo até citar Padres da Igreja. A proibição paterna a pouco e pouco se atenuou, caindo por terra. Faleceu com 56 anos, em 1505. Seu corpo, intacto depois de 400 anos, achase atualmente na catedral da cidade.

    Aí temos o esplendor e, ao mesmo tempo, a dificuldade de se fazer idéia do que seja um santo através de narrações desse tipo. Conta um fato realmente admirável da vida dela, que se passou na infância. Depois informa que ela ficou teóloga, mas não nos diz quais foram suas cogitações, o que ela estudou, que pensamentos externou, nada! Ficase sabendo depois que ela morreu e que o corpo não se putrefez. Com esses escassos elementos, é muito árduo formar a idéia de um todo. Temos apenas fulgurações dentro das penumbras de uma vida cujo unum se gostaria de conhecer,  para se ter uma noção geral do que ela fez.

    Por exemplo, se casou-se ou não; se entrou para uma Ordem religiosa; se foi perseguida por amor de Deus; se teve lutas com hereges ou com autoridades temporais simoníacas; se teve provações  extraordinárias; se teve consolações, etc. Nada disso nos é possível saber. Em primeiro lugar, porque uma simples ficha não pode contar tudo isso. De outro lado, é muito possível que a biografia  não conte mais do que isso. É-me, pois, difícil apresentar um comentário que, de fato, atinja o seu fim, que é de proporcionar a todos uma vontade séria, não uma veleidade, mas um firme  propósito de nos tornarmos santos.

    Porém, os fatos aqui selecionados são muito bonitos e se prestam a algumas considerações que podem nos interessar.

    Uma pequena teóloga que na sua inocência começa a falar

    Sabemos que os estudos de Teologia e Filosofia, por sua grande profundidade, exigem um exercício muito grande da razão. É verdade que a Teologia é baseada em dados da Fé, todavia é uma elucubração racional a respeito desses dados, exigindo uma profunda aplicação da razão. São, portanto, estudos que convêm a pessoas maduras.

    Ora, deparamos com uma situação curiosa: a Providência decide estimular a esses estudos uma menina de apenas 5 ou 6 anos de idade, que está passeando às margens do lindíssimo rio Pó (aliás,  tive ocasião de percorrê-lo longamente entre Milão e Veneza, encantando-me com as belezas dos panoramas). Enquanto ela caminhava, apareceu diante dela um Anjo, um ser magnífico, que lhe fez a seguinte comunicação: “Para entrar no Céu é preciso que a Deus muito se ame.

    Veja: todas as coisas cantam-Lhe a glória e O proclamam aos homens. Ame-O, ame tudo o que criou, para que O amem”. O sentido das palavras é: Ele criou tudo e deve ser amado.

    Por que a aparição de um Anjo para dizer essas coisas? Qual o Anjo que teria dito isso? Qual o modo de proceder do Anjo sobre a alma da menina? O Anjo tinha a menina provavelmente colocada  num panorama bonito e impressionada — como acontece na infância e na inocência primeira — com as belezas da natureza. Mas é evidente que quando o Anjo se revelou a ela, a mais bela coisa que  Osana tinha diante dos olhos era ele, um ser de uma beleza toda espiritual e esplendorosa, a quem ela teve a graça de conhecer e de contemplar face a face.

    Quando o Anjo disse: “Veja como todas as coisas que Deus criou são belas; ame-as”, naturalmente sabia ser ele próprio a maior beleza que a menina já tinha visto. E ao afirmar: “Deus criou todas as  coisas, todas as coisas refletem a  Deus, ame-O”, ele queria significar sobretudo o seguinte: “Eu fui criado por Deus, eu reflito a Deus de um modo magnífico, ame a Deus contemplando a mim”.

    Deus fez a essa menina um convite enfático, arrebatador, para que ela, através da visão do Anjo, compreendesse a magnificência do Criador e de toda a ordem da criação, que fica fora do alcance  dos nossos sentidos. E com isso convidá-la a transpor-se além de tudo quanto é sensível, a situar o espírito naquilo que tem muito mais densidade de ser, que são as criaturas meramente  espirituais e, infinitamente acima delas, Nosso Senhor.

    Qual era a intenção de Deus? Era fazer dela, já nessa primeira apresentação, uma pessoa destinada à reflexão. Porque nas palavras do Anjo o que está dito é o seguinte: Todas as coisas refletem a  Deus. Faça um esforço de inteligência para, através desse reflexo, conhecê-Lo.

    Aí está indicado o caminho de sua santificação. Aí está indicado o prêmio: se um Anjo é tão belo, quanto mais belo será Deus Nosso Senhor! Aplique-se à meditação.

    Neste modo de dizer do Anjo, é tão pronunciado o chamado para a Teologia, que ela responde com uma oração que já é um verdadeiro tratadinho teológico. E era uma menina de seus 6 anos de  idade! É uma teologazinha que na sua inocência começa a falar.

    Como se desenvolveu o espírito da bemaventurada?

    Vamos imaginar a cena: o Rio Pó que deflui tranqüilo e luminoso, um barranco acima do rio, um jardim. A ficha biográfica nos diz que ela era de uma família nobilíssima. Naquele tempo as famílias nobres em geral eram ricas e, o mais das vezes, as famílias ricas eram nobres. Podemos conceber, portanto, uma menina rica e vestida como se trajavam as meninas naquele tempo.

    Ora, como se vestia uma menina daquele tempo? Não era com o que se chama de traje de criança em nossos dias. Era com uma miniatura do traje das pessoas adultas. Temos, portanto, de  imaginá- la vestida como uma mulherzinha, com saia comprida, com cintura, cabelo penteado de um certo modo e, possivelmente, com uma flor na mão. E temos de figurar uma criança assim —  verdadeira boneca de se expor em vitrine — que de repente tem um êxtase. Vê um Anjo, e os que estão em torno dela nada vêem. E, diante dos circunstantes arrebatados, a menina, com o timbre delicado da voz feminina, acentuado pelo timbre infantil, com os fulgores da inocência primeva, sai com todo esse tratadinho de oração.

    O que se passou nessa criança para ela se ter iluminado de tal maneira? Qual foi esse convite da graça para ela? O que aconteceu para que ela fizesse algo que uma criança não consegue fazer, que é raciocinar tão bem e com essa segurança?

    Mais. Já nessa hora ela disse uma palavra que é o seu ecce ancila Domini: “Eu aceito, vou contemplar a Deus a vida inteira. Vou contemplá-Lo enquanto Criador das coisas que existem; vou contemplá-Lo enquanto presidindo e conservando a ordem dessa Criação. E essa contemplação, eu a farei como a finalidade de minha vida”.

    Podemos imaginar o que seria a infância de uma menina assim. Não era uma doutorazinha, a toda hora dardejando uma lição, mas brincava com boneca, com casinha, de costura, etc., enquanto
    se entregava a reflexões. Ajudada pela graça, parava e dizia alguma coisa que havia excogitado. É assim que devemos supor o desenvolvimento normal do espírito dela, assim como foi o do Menino Jesus — que teve verdadeiramente infância, mas era Ele! —ou como terá sido com Nossa Senhora.

    Podemos pensar, também, nas pessoas piedosas moradoras naquela casa, vivendo sob o influxo do ambiente medieval, encantadas com a menina e considerando que ela não era qualquer uma:  Deus, por ela, queria fazer maravilhas.

    Tendo Nossa Senhora como Mestra

    Mas, sente-se na descrição o embate do mundanismo. A menina quis ser teóloga, e o pai não o permitiu. Compreende- se que ele não tenha querido. Entrevê-se que desejava para ela uma carreira  terrena e não a de teóloga, que era raríssima em se tratando de mulher.

    Ele almejava para a filha uma carreira de grande dama, e chegou a proibir o  curso de teologia para uma menina tão fortemente chamada por Deus. Ele tinha  um milagre diante de si, mas disse não a Deus. 

    Vemos a saída que Deus deu ao caso: “Está bom, não pode estudar teologia? Nossa Senhora ensinará a ela”. É um curso. Esse dado é muito encantador. A ficha é muito categórica: “A própria Mãe de  Deus veio ensinar-lhe, ministrando-lhe lições. Em pouco tempo a bem-aventurada dominou o latim, chegando a um sólido conhecimento da Escritura Sagrada, e podendo até citar Padres da  Igreja”.

    Quer dizer, Nossa Senhora deu a ela uma interpretação da Sagrada Escritura. Podemos imaginá-la já mocinha e, de vez em quando, Nossa Senhora que aparece e lhe ensina alguma coisa da Bíblia,  á lições de teologia e, provavelmente, o próprio método de pensar da teologia.

    E ela se torna assim uma pesquisadora autorizada e sólida da Escritura Sagrada. 

    Vemos aqui a vitória dos desígnios da Providência e uma luz que se acende na Igreja: não mais a do pensador, mas a da pensadora. Exceção legítima, válida, magnífica, que mostra não ser por  inferioridade que a mulher não é pensadora, mas por uma vocação adequada à sua missão na Terra.

    Mostra também que o Espírito sopra onde quer. Creio que todos sentimos a mesma curiosidade: não haverá um livro da bem-aventurada Osana de Mântua que tenha as meditações dela sobre as  Escrituras? E não constarão nele também as meditações que Nossa Senhora lhe ensinou? Pois Nossa Senhora não se limitou a revelar. Ensinou, adestrou o exercício da razão para conhecer as verdades que deveria conhecer.

    Seria muito bonito colocar, na entrada de uma universidade católica, um grupo de esculturas, tendo Nossa Senhora em pé, ensinando, e a Bem-Aventurada Osana sentada junto ao pupitre, não na  mera contemplação, mas escrevendo e estudando com seriedade. Até mais: eu me atreveria a pô-la fazendo uma pergunta, e Nossa Senhora respondendo. Aí o fato dessa relação de vida mística se  tornaria mais claro.

    Alguém me dirá: “Essas são considera ções muito sumárias sobre uma vida que se gostaria de conhecer mais a fundo.”

    Ora, o “Santo do Dia” tem a finalidade, não de dar a conhecer uma vida, mas de provocar o desejo de conhecê-la. Se obtive esse resultado, considero esta conferência bem empregada.

    Plinio Corrêa de Oliveira

    Revista Dr Plinio 38 (Maio de 2001)

  • A mais eminente figura da Idade Média

    Dr. Plinio tinha grande devoção a São Gregório VII, porque este possuía, mais do que qualquer outro Bem-aventurado que ele conhecia, uma virtude que o entusiasmava  ao último ponto, e para a qual iam todas as fibras de sua alma: a combatividade inquebrantável. Esse papa tinha a integridade de alma por onde o homem caminha para todos os esforços, todos os riscos, todos os  dissabores, com o intuito de fazer vencer a causa da Santa Igreja.

     

    Temos para comentar um trecho da carta escrita por São Gregório VII à Condessa

    Matilde, no ano 1074 .

    Um papa que atacava os vícios e as desordens dos mais poderosos

    Entre as armas que, com o auxílio de Deus, eu vos forneço contra as insídias do mundo, lembrai-vos de que as principais são: receber frequentemente o Corpo do Senhor e ter uma confiança segura e completa em sua Santa Mãe.

    Eis o que diz Santo Ambrósio, no livro quatro “Dos Sacramentos”: “Se nós anunciamos a Morte do Senhor, anunciamos a remissão dos pecados. Se cada vez que o Sangue do Senhor é derramado, o é pela remissão dos pecados, devo recebê-Lo sempre para que meus pecados sejam sempre perdoados. Pecando sempre, devo sempre tomar o remédio.”

    No livro quinto “Dos Sacramentos”, o mesmo Santo diz ainda: “Se é um pão quotidiano, por que o recebeis uma vez ao ano, como os gregos costumam fazer no Oriente? Recebei-O diariamente, a fim de que cada dia vos seja proveitoso. Vivei de maneira a merecer recebê-Lo todos os dias.” […]

    Quis, filha mui amada de São Pedro, escrever-vos estas coisas, a fim de aumentar a vossa fé e vossa confiança no recebimento do Corpo do Senhor; porque tal é o tesouro, tais são os presentes, não de ouro, nem de pedras preciosas, que, pelo amor de vosso Pai, o soberano dos Céus, vossa alma espera de mim, conquanto possais, segundo vossos méritos, receber de melhor de outros Pontífices.

    Quanto à Mãe do Senhor, a Quem principalmente vos recomendei, recomendo-vos e não cessarei de recomendar-vos, até o momento em que tivermos a felicidade de vê-La como nós o desejamos. Que vos direi? Ela, a Quem o Céu e a Terra não cessam de louvar, ainda que não A possam louvar dignamente. Entretanto, considero isto fora de qualquer dúvida: Ela é mais elevada, e melhor, e mais santa do que qualquer mãe. Ela é mais clemente e mais doce para com os pecadores e as pecadoras convertidos. Empenhai-vos, pois, em pôr cobro ao pecado e, prosternada diante d’Ela com coração contrito e humilhado, derramai as vossas lágrimas. Vós A encontrareis, prometo-vos, sem qualquer dúvida, mais pronta do que uma mãe carnal, e mais terna em vos amar.

    Comenta o Padre Rohrbacher:

    Essa carta do Papa São Gregório VII é muito notável. Mostra-nos uma maravilha que o mundo não compreende. Esse gênio poderoso que com um olhar abarcava todos os reinos, todos os bens e os males da humanidade, que atacava ao mesmo tempo  e  por toda parte os vícios e desordens dos mais poderosos, que não se arreceava de nenhum obstáculo, que parecia aos homens de seu tempo mais firme e mais inquebrantável do que o céu e a Terra, esse gênio poderoso tinha […]uma ardente devoção  à Santa Eucaristia, uma confiança filial na Santa Virgem, uma terna compaixão para a fraqueza humana.

    Alegria de Deus com o pecador que se converte

    São trechos de um grande Santo e comentários de um grande autor .

    Em primeiro lugar, a respeito do Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que está dito é que o pecador não deve afastar-se da Sagrada Eucaristia. Pelo contrário, ele precisa recuperar o estado de graça e voltar a frequentar este sublime Sacramento. Isso porque o Deus de misericórdia, ao invés de afastar o pecador, o atrai. Ele não aceita na Sagrada Eucaristia o homem no estado de pecado, mas arranca o pecador desse estado pela perspectiva de receber o banquete celeste e o atrai a Si. De maneira que, quando alguém comete pecado, não deve afastar-se da Eucaristia; pelo contrário, o mais depressa possível precisa confessar-se, recolocar-se no estado de graça e voltar à Sagrada Eucaristia.

    Porque é imensa a alegria de Deus com o pecador que se converte. Ele a exprime bem no Evangelho quando fala da mulher que perdeu uma moeda, procurou-a por toda parte e, tendo-a encontrado, chama as amigas e mostra a sua alegria pelo encontro da moeda. Ou, então, com o exemplo do bom pastor que vai procurar a ovelha tresmalhada ao longe, e a traz nos seus ombros para o aprisco .

    Quer dizer, Deus ama singularmente o pecador arrependido. E ao perdoar o pecador verdadeiramente contrito, Ele tem uma razão para amá-lo mais do que antes. É por isso, por exemplo, que Santa Maria Madalena foi mais amada por Nosso Senhor depois de se converter do que antes de pecar . São essas as amplitudes da misericórdia divina.

    Não há coisa que seja mais frequente do que encontrarmos nas almas uma ação do demônio que põe a coisa nestes termos: “Você está em estado de pecado, não comungue, nem se aproxime de Deus. Onde é que se viu que um pecador de seu jaez vá se aproximar de Deus em estado de pecado! Você é louco, isso não tem propósito, fuja!”

    Ora, o certo é o contrário: “Você está em estado de pecado mortal, venha correndo para Aquele que é o Médico de sua alma, o seu Redentor, com toda a humildade, batendo no peito, lamentando o mal que fez, é verdade, mas venha com confiança porque a porta da misericórdia estará aberta”.

    São Pio X desferiu na Revolução um dos mais terríveis golpes

    Compreendem-se, assim, os problemas da expansão da Igreja e o bem prodigioso feito por São Pio X com o seu projeto de re-afervoramento eucarístico.

    Nós vemos aqui São Gregório VII, apoiado em Santo Ambrósio, pleitear a Comunhão diária. Como é sabido, antes do tempo de São Pio X, as pessoas mais piedosas comungavam duas ou três vezes por ano. Isso era observado para ter mais respeito para com a Eucaristia, de maneira a, mantendo-se bem afastado, o fiel fizesse uma arqui preparação para a Comunhão. Dir-se-ia até ser uma atitude esplêndida. Mas, generalizando a frequência à Sagrada Eucaristia, São Pio X desferiu na Revolução um dos mais rudes e terríveis golpes que se podia dar. Especialmente com a Comunhão das crianças. O império do demônio dificilmente é tão grande numa alma que recebeu o Santíssimo Sacramento, como seria se essa alma nunca O tivesse recebido.

    Portanto, a insistência para que os fiéis vão ao Santíssimo Sacramento tem por detrás, doutrinariamente, uma insistência para que o pecador procure Nosso Senhor e, sem desfalecer, amparado na bondade d’Ele, vá mais uma vez ao seu encontro. De maneira que uma pessoa, por mais que peque, nunca deixe de se confessar, com um propósito sério de não mais pecar, segundo pede a Igreja, e comungar, aproximando-se assim das fontes das águas que é o Santíssimo Sacramento.

    Harmonia total e inebriantemente bela do perfil moral da Mãe de Deus

    O que o São Gregório VII diz a respeito de Nossa Senhora é também uma verdadeira maravilha:

    …considero isto fora de qualquer dúvida: Ela é mais elevada, e melhor, e mais santa do que qualquer mãe. Ela é mais clemente e mais doce para com os pecadores e as pecadoras convertidos.

    Aqui está um princípio de moral

    que nos é muito caro: quem tem uma virtude em muito alto grau, possui também todas as outras virtudes em grau elevado . Não é possível a pessoa ser verdadeiramente muito elevada em outras virtudes, sem ser ao mesmo tempo muito misericordiosa. Porque, se ela é muito virtuosa, tem de um modo insigne todas as virtudes e, portanto, também a misericórdia.

    Então, quanto mais eu falo da grandeza da Santíssima Virgem e nos seus altos privilégios, tanto mais devo me convencer de que Ela, entre outras qualidades excelsas, tem a de Mãe terníssima, benigníssima, intimíssima, que Se põe na estatura de cada um de seus filhos para tratar com eles como as mães fazem habitualmente com suas crianças .

    Compreende-se, assim, como a harmonia celeste da alma de Nossa Senhora é feita: tão mais alta do que todos os querubins e serafins, a ponto de estar fora de qualquer termo de comparação com tudo quanto o restante da Criação possa ter de mais superlativamente magnífico. Entretanto, apesar disso, Ela é a mais meiga, a mais terna de todas as criaturas, a que mais entra na proporção e no contato com cada homem, de maneira tal que se um de nós tem uma mãe que considera ser muito carinhosa, esteja certo de que Nossa Senhora a excede indizivelmente em afabilidade, meiguice e carinho.

    É assim que a devoção a Maria Santíssima deve ser vista. E jamais me cansarei de ensinar isso, porque Ela nunca Se farta de dá-lo a entender a seus filhos de todos os modos: aparições, milagres, etc .

    A ação de Nossa Senhora sobre a Terra consiste em mostrar que Ela é simultaneamente terrível como um exército em ordem de batalha – esmagando continuamente a cabeça da serpente, derrotando sozinha todas as heresias do mundo inteiro; Nossa Senhora dos Cruzados, dos Inquisidores, dos Santos indomáveis na luta pela Fé, como foi São Gregório VII – e, ao mesmo tempo, Mãe bondosa dos pobres, fracos, desvalidos, pequeninos. É a harmonia total e inebriantemente bela do perfil moral da Mãe de Deus.

    Varão intrépido, batalhador indomável

    Na ficha lida há pouco, o Padre Rohrbacher mostra como São Gregório VII foi um pontífice indomável .

    Eu tenho a impressão de que – e é a razão de minha veneração e ternura por São Gregório VII – ele foi chamado a prestar na História da Igreja, mais do que qualquer outro Santo que eu conheça, uma virtude que me entusiasma ao último ponto, e para a qual vão todas as fibras de minha alma: a combatividade inquebrantável. Ele combateu tudo, lutou contra todos, não cedeu em nada e enfrentou tudo.

    Essa integridade de alma por onde o homem caminha para todos os esforços, todos os riscos, todos os dissabores, com o intuito de fazer vencer a causa da Santa Igreja, me entusiasma.

    No entanto, por ser muito combativo, São Gregório VII necessariamente tem que ter também em alto grau as virtudes simétricas ou opostas. Assim, precisamente por ter muita combatividade, ele devia ser também um devoto ardentíssimo de Nossa Senhora, muito terno, meigo, e um ardorosíssimo devoto do Santíssimo Sacramento, inculcando formas de piedade extremamente suaves, como a da frequência diária ao Santíssimo Sacramento e a devoção à Santíssima Virgem.

    É como São Bernardo, que foi pregador de Cruzadas e o autor da “Salve Rainha”, do “Lembrai-Vos”, orações de uma unção extraordinária! Pregador de Cruzadas e chamado “Doutor Melífluo”, quer dizer, de quem flui o mel pela doçura de sua pregação a respeito de Nossa Senhora. Ele não teria estado à altura de compor a “Salve Rainha” e o “Lembrai-Vos” se não fosse um homem com uma alma de um pregador de Cruzadas. Mas, por outro lado, não seria verdadeiramente um pregador de Cruzadas se não tivesse a alma de um homem tão doce, capaz de compor essas orações. As duas coisas se completam, uma seria impossível sem a outra.

    Vemos, assim, as almas grandiosas de São Bernardo e de São Gregório VII, mas este último ainda mais caracteristicamente um varão intrépido, batalhador indomável que encheu com sua luz todo o céu da Igreja até nossos dias e a iluminará até o fim dos tempos.

    Cada apóstolo dos últimos tempos deve ser como que um outro São Gregório VII

    Eis o grande Santo cuja relíquia se encontra em nossa capela. Que felicidade e tesouro contidos simplesmente nesta afirmação: a relíquia desse Santo se encontra em nossa capela! Quer dizer, é um fragmento dos ossos dele, uma matéria momentaneamente dissociada, mas que numa ordem mais profunda forma um só todo com sua alma gloriosíssima que já está no Céu vendo a Deus face a face, e contemplando Nossa Senhora.

    Esse fragmento, no dia da ressurreição da carne, vai ser unido ao corpo dele. Portanto, temos certeza de que esse pedaço de osso com um pouco de carne será inundado pela glória de Deus e se transformará em corpo glorioso, participando das alegrias da visão beatífica que São Gregório VII tem no Céu.

    Compreende-se, então, com quanta devoção devemos nos aproximar dessa relíquia, e quanta confiança precisamos ter em sermos atendidos, tendo-a presente entre nós.

    Anna Catarina Emmerich, várias vezes, viu relíquias deitando chispas de luz magníficas. Essa luz deveria ser um símbolo da virtude do Santo a quem aquela relíquia pertencia. Que luz de ouro, luz solar estupenda deve espargir essa relíquia de São Gregório VII que, a meu ver, na sua grandeza e riqueza de alma, foi a mais eminente figura da Idade Média e conteve em si, de algum modo, a Idade Média inteira.

    Eu não poderia encerrar estas palavras sem lembrar que estamos na Festa de Nossa Senhora Auxiliadora, ocasião em que Ela se mostra particularmente solícita em nos auxiliar em nossas necessidades e atender nossos pedidos . Creio não haver intenção mais grata do que esta: que Nossa Senhora Auxiliadora faça de nós, o quanto antes, perfeitos apóstolos dos últimos tempos, segundo São Luís Grignion de Montfort.

    Se São Gregório VII tivesse podido conhecer os apóstolos dos últimos tempos, ele estremeceria de alegria, porque cada um deles deve ser como que um outro São Gregório VII, ou seja, deve ter aquela combatividade, aquela grandeza, aquela suavidade.

     

    (Extraído de conferência de 24/5/1967)

  • O Carlos Magno da Igreja Católica

    São Gregório VII travou uma batalha decisiva e desfechou um golpe certeiro no maior potentado da Terra, vibrando contra ele a punição mais alta, profunda e intransigente que se poderia imaginar.

    A lição desse grande Pontífice foi, em última análise, a de levar a verdade, o bem, a beleza, a fidelidade à Igreja até as suas últimas consequências.

    Ele foi o Carlos Magno da Igreja Católica! A glória carolíngia, de proporções mais angélicas do que humanas, foi vivida magnificamente pela Santa Igreja Católica nos dias de São Gregório VII.

    Devemos desejar, com toda a nossa alma, que o adversário da verdadeira Igreja Católica Apostólica, Romana em nossos dias, a maldita Revolução gnóstica e igualitária, seja punida ainda mais do que o Imperador Henrique IV, pois ela tentou coisa pior do que ele. A Revolução desbastou a Terra inteira, e é preciso que a punição seja proporcional.

    (Extraído de conferência de 25/5/1985)

  • Seriedade, pureza, religiosidade

    Santa Maria Madalena de Pazzi tinha um olhar cheio de vida, reflexão e seriedade. Uma seriedade que vai de par com uma real bondade, e que não está voltada para os assuntos terrenos, mas é uma seriedade que só se tem quando se pensa nos temas celestes. O todo de sua pessoa tem a ligeireza, a leveza de uma virgem. A seriedade, a pureza, a finura de pensamento, a religiosidade profunda do olhar, a aristocracia do todo se aliam muito bem. Isso tudo brilha em Santa Maria Madalena de Pazzi.

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 17/1/1986)