Autor: Nelson

  • Uma das facetas do Imaculado Coração de Maria

    Um dos meios bonitos de conhecermos o espírito e o Imaculado Coração de Maria consiste em estudar a vida de São João Batista. Por ter sido ele santificado no seio de Santa Isabel pela palavra de Nossa Senhora, vê-se que Ela comunicou-lhe ali, misteriosamente, o espírito d’Ela. E tudo quanto o Precursor realizou em sua vida era uma decorrência dessa graça inicial recebida e constantemente intensificada, pelos rogos d’Ela.

    Podemos, então, ver São João Batista enquanto asceta austero, pregador do Cordeiro de Deus que viria, e como herói que enfrenta Herodes e morre como mártir, sublime de grandeza e de serenidade. É uma das facetas do espírito de Nossa Senhora.

    (Extraído de conferência de 11/7/1967)

  • Exemplo de despretensão

    Nuno Álvares, santo português, foi um dos maiores guerreiros da História de Portugal, adornado pelo mais belo título que um militar podia usar: Condestável! É o Condestável Bem-aventurado.

    Além de ajudar singularmente o Rei de Portugal a rechaçar as invasões mouras, Dom Nuno Álvares Pereira teve importante papel nas brigas, infelizmente numerosas, entre Castela e Portugal, dois povos quentes. Narra a História Portuguesa que ele conseguiu vitórias brilhantes.

    Ao contrário de certos generais de ministério, que ficam a léguas do campo de batalha, enviando telegramas e mantendo comunicações telefônicas, ele era um batalhador que ia à frente de seus guerreiros!

    Terminadas as guerras, e visto que se iniciava um longo período de paz com Castela, Nuno Álvares pediu licença ao Rei e fez-se religioso: entrou para a Ordem do Carmo.
    Ele, o grande Condestável, venerado por todo o povo português, fez-se irmão leigo e tornou-se o porteiro do mosteiro.

    (Extraído de conferência de 17/1/1986)

  • São João Batista

    Um dos meios mais belos de conhecer algo do Imaculado Coração de Nossa Senhora consiste em contemplar a vida de São João Batista.

    Ele foi santificado no seio materno, assim que ouviu a voz de Maria saudando Santa Isabel.

    Vê-se que, naquele momento, a Mãe de Deus comunicou misteriosamente o espírito d’Ela à criatura chamada a preparar os caminhos do Messias. E tudo quanto São João Batista realizou e cumpriu foi uma decorrência desta graça inicial que ele recebeu ainda antes de nascer. Graça esta que, pelos rogos de Nossa Senhora, foi constantemente intensificada, até atingir o auge na hora em que ele morreu.

    Então podemos ver São João Batista enquanto asceta austero, enquanto pregador do Cordeiro de Deus que viria, e depois como herói que enfrenta Herodes e morre como mártir, sublime de grandeza e de serenidade. São facetas do espírito de Nossa Senhora.

     

  • Moral católica, fundamento da Civilização Cristã

    A Europa foi o continente que, em tempos passados, correspondeu à pregação da Igreja Católica; continente que durante séculos permaneceu substancialmente fiel à Esposa de Cristo. Daí partiu a instauração da Civilização Cristã.

     

    Por meio de seus Sacramentos, a Igreja dá forças para que a verdadeira Moral seja praticada pelos homens. Ora, é só por meio da verdadeira Moral que os homens conhecem e praticam a verdadeira ordem, porque a Moral não é senão a ordem do procedimento dos homens. Assim, em conclusão, só há autêntica e perfeita ordem entre os homens onde existe a verdadeira Igreja.

    Igreja Católica, o fundamento da ordem

    Se a Igreja ensina e dá forças para cumprir a Moral, ela é o verdadeiro fundamento da ordem. Quando os homens seguem a Moral da Igreja, a verdadeira ordem está adotada, no que ela tem de mais profundo.

    E acontece com a ordem o que sucede com o corpo humano. Se eu estiver, por exemplo, com meu braço em ordem, só poderei esperar coisas boas: os movimentos necessários, a reação, os serviços, a defesa que ele me proporcionará. Se algo do braço está destroncado, o resto é dor, miséria, inflamação, perigo de gangrena, atrapalhações várias.

    Assim também ocorre com a Civilização: se ela está baseada na Moral católica, inclusive nos seus pormenores, não há bem que não se possa esperar; mas quando ela se afasta da Igreja, ainda que seja em pequenas coisas de certa importância, não há mal, tristeza, miséria que não se possa temer.

    Nascimento de um novo mundo

    Ora, São Bento, por meio de seus monges, foi por excelência o missionário que trouxe à Civilização Católica os germanos e deu impulso ao movimento de evangelização que conquistou todas as nações escandinavas.

    Por outro lado, São Bento, através dos monges beneditinos, instituiu um tecido de Ordens religiosas que espalharam por toda a Europa essa moralidade e esse modo de ver quando o continente europeu estava se reconstituindo; era um mundo novo que nascia depois das invasões.

    Então o ideal da contemplação ficou profundamente presente nessa fecundidade do apostolado de conversão da Europa.

    Portanto, a ação da graça penetrou nas raízes dessa árvore, e o resultado foi essa coisa maravilhosa: a Europa, que se tornou durante muito tempo a própria realização dos ideais da Contra-Revolução.

    É para a destruição dessa Europa que a Revolução se levantou. E é para essa Europa que os nossos olhos se voltam nostálgicos, admirativos, cheios de afeto, precisamente porque aí estão os restos sagrados da Contra-Revolução.

     

     

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência  de 10/2/1965)

    Revista Dr Plinio 171 (Junho de 2012)

  • PALCO DE GLÓRIAS

    Do cimo do monte que lhe serve de pedestal, ele contempla, sobranceiro e elegante, a aldeia que o circunda, o vale e as vastidões de terra que se estendem à sua frente. Suas torres de variegadas proporções, em gracioso movimento para o céu, conferem ao seu todo o signo da leveza, enquanto seus vigorosos panos de muro, maciços, apenas atenuados por janelas e arcos ogivais, dão-lhe a nota da majestade grandiosa e forte.

    Deixa-se ver entre folhagens ou brandamente refletido no espelho das águas que correm um pouco abaixo de seus alicerces. Numa e noutra visão, aparece recuado nos tempos de heroicas epopeias, de lutas e de glórias em que cravou raízes naquela paisagem espanhola. Apesar de reconstituído em sua maior parte no século XIX, o lindo Castelo de Segóvia conserva ainda a atmosfera dos seus dias de batalhas e triunfos. Ao visitá-lo, sem muito esforço nossa imaginação viaja pela história, e nos achamos na presença de um rei santo, São Fernando III, que o utilizou como uma espécie de posto avançado em seus vitoriosos combates.

    Podemos figurá-lo ali, na sala do trono, ou na sala de estar, — com suas paredes de pedras rudes e tetos ricamente lavorados — séria, solene, bonita, onde o soberano vivia na intimidade com a rainha. A distração mais repousante de ambos era se dirigirem para junto de alguma das largas aberturas em ogiva, através das quais perlustravam os campos e as pradarias que se desdobravam além. Então, o casal régio sentado em cadeiras de madeira com espaldar alto, com almofadas de um conforto discutível, olhava para aquela imensidão na qual nada se erguia, a não ser uma pequena fortificação de Templários, distante algumas centenas de metros do castelo. Observar a movimentação dos cavaleiros que entravam e saíam de seu reduto, constituía, assim, um motivo de entretenimento para o rei e sua esposa.

    São Fernando, porém, sabia que os momentos de lazer não deviam ser o preponderante da existência para a qual fora suscitado por Deus. Sua missão providencial exigia dele a disposição para o sacrifício e para a luta. E foi esse mesmo Castelo de Segóvia o palco de um dos episódios mais eloquentes da gesta que o santo monarca empreendeu de forma magnífica.

    Ainda hoje é mostrado aos visitantes o lugar em que São Fernando almoçava, quando lhe foi avisado que Sevilha, a metrópole dos invasores, a cidade cuja conquista proporcionaria o êxito em todas as demais batalhas, estava prestes a ceder diante das investidas das tropas espanholas. E o mensageiro lhe dirigiu o apelo: “Vinde, Majestade, auxiliar os vossos, e hoje à noite entrareis em Sevilha!”

    Mais não era preciso para aquele coração de herói e de santo. No mesmo instante o Rei interrompeu a refeição, mandou preparar suas armas e seu cavalo, e se dirigiu à brida solta até a cidade sitiada, onde já seus intrépidos soldados empreendiam os assaltos finais. Ao verem o soberano que se aproximava, os inimigos compreenderam que nada mais lhes restava senão se render e entregar a praça. Naquela noite, São Fernando se lembraria das torres e grossas paredes do Castelo de Segóvia sem nostalgias nem tristezas. Ele já dormia em Sevilha, olhando para o próximo campo de batalha. Pois assim fazem os Santos. Não contemporizam, não deixam para daqui a pouco, e, quando é necessário, interrompem a refeição, sem consumi-la até o último bocado, nem beber o último trago de vinho. Se chegou o momento do combate, que venham as armas e o cavalo, façamos uma jaculatória a Nossa Senhora, um Nome do Pai, e corramos… de encontro ao quê?

    Ao que poderia ser para São Fernando a morte, ou a vitória e a glória… Pouco lhe importava que fosse a vitória, a glória ou a morte. Importava, sim, que Maria Santíssima triunfasse e que a Espanha novamente Lhe pertencesse.

  • Santa Germana Cousin – Segurança sobrenatural

    Há determinadas figuras que nasceram para nos dar o exemplo da segurança sobrenatural em si mesma.

    Assim vemos Santa Germana Cousin, pobre, órfã de mãe, escrofulosa, magérrima, com a mão direita deformada, desprezada por todos, até por seu próprio pai. Ela poderia, levada pela vergonha, procurar fugir ou ser uma pessoa revoltada. Entretanto, portou-se com extrema dignidade e levou sua vida na segurança de quem tem um valor: ela é batizada, filha de Deus.

    A segurança, a paz e a tranquilidade fundadas na Fé desta Santa pastora, diante de uma situação própria a acabrunhar, nos ensinam que o nosso grande título, a grande razão de nossa ufania é de sermos católicos.

    Que Santa Germana nos dê a graça dessa enorme segurança de que nosso verdadeiro e único título de glória é sermos filhos da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana.

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 15/6/1967)

  • Conhecimento perfeito da grandeza de Deus

    Qual era a atitude de Nossa Senhora perante seu Divino Filho?

    Antes de tudo, era de uma grande estima e de uma grande consideração das grandezas d’Ele.

    Apesar de Nossa Senhora ser Mãe de Jesus Cristo e, portanto, ter a natural autoridade que toda mãe tem sobre seu filho, nenhuma criatura conheceu tão bem quanto Ela a grandeza de Nosso Senhor Jesus Cristo; nenhum intelecto criado pôde sondar tão profundamente essa grandeza e, por isso, nenhum soube admirá-Lo tão completamente.

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 21/8/1969)

  • Santa Germana Cousin

    Num século habituado aos prazeres e deleites da vida, onde o sofrimento e a dor eram considerados com repugnância e horror, despontou radiosa uma alma de extrema humildade, colidindo estrondosamente com os preconceitos de seu tempo: Santa Germana Cousin.

    Comentarei a vida de Santa Germana Cousin, a virgem de Pribac, que vivera em fins do século XVI.

    Assim narra-nos uma ficha com sua história:

    “Se houve uma vida triste, inútil e miserável aos olhos do mundo, foi a da Bem-Aventurada Germana Cousin. Uma mão paralisada, uma saúde detestável, nenhuma instrução, um cajado para dirigir ovelhas, a guarda de alguns carneiros, enfim, a morte aos vinte e dois anos, eis o que compôs para o mundo a vida de Germana.

    “No estábulo, um recanto pobre da casa, estava seu quartinho: um cubículo de cinco pés de comprimento, sob uma escada. Algumas ramagens de videira como leito, e, como alimento, um pouco de pão e de água era bastante para esta miserável escrofulosa. Sua faina diária era guardar o rebanho da família. E as estações do ano lhe fizeram sofrer muito no que elas têm de mais rigoroso.

    “Sua paciência era inalterável, ela não possuía outra resposta às injúrias e aos maus-tratos que de todo lado caíam sobre ela quando voltava para casa, trazendo o rebanho e levando-o para o estábulo. A sua única resposta era calar-se e retirar-se a seu pequeno cubículo”.

    Diante de uma vida como essa, quais ensinamentos poderiam ser hauridos para o benefício das almas?

    Dois notórios contrastes sucederam-se durante a vida de Santa Germana. Tendo nascido no século XVI, houve uma flagrante divergência entre o pecado dominante deste século e a vida levada por ela, como também a diferença entre as dificuldades da vida terrena que sofrera, em relação à glória sobrenatural pela qual esteve cercada no final de sua existência e sobretudo no Céu.

    Por um lado, constata-se um século profundamente marcado pela Renascença, carregando seus pendores defeituosos, que se entregava cada vez mais desbragadamente às pompas mundanas, aos prazeres da vida e a uma ambição pela glória terrena. Embora sendo menos vil que a dominante ambição pelo dinheiro no mundo contemporâneo, não deixava de ser censurável, por possuir um aspecto laico, voltado apenas para o amor-próprio pessoal, desconsiderando a glória celeste que é a única glória à qual o homem deve tender.

    Temos então um século de vanglória, centrado no que há de passageiro, transitório e terreno, e que, inconscientemente, faz dessa vanglória um de seus ídolos.

    Em meio a este ambiente, nasce uma santa venerada por toda a posteridade por ter sido o contrário da vanglória, levando uma vida pautada pelas maiores humilhações possíveis. Não podendo prestar serviços, pois possuía péssima saúde, Santa Germana era vista com extraordinária crueldade pelos seus mais próximos, maltratada e desprezada com uma raiva irracional que o homem de espírito pagão nutre contra quem apresente qualquer inferioridade intelectual ou física. Ela tinha conjugadas ambas as inferioridades, e era também iletrada.

    “De um lado, as pessoas caçoavam da simplicidade dela e de sua devoção. Ela não conhecia nada, exceto o doce nome de Jesus, seu Salvador, e tinha muito cuidado de não se entristecer com seus sofrimentos, com sua miséria, e de pedir a Deus que lhe libertasse, ainda mesmo quando o poder divino, multiplicando os milagres em torno dela, parecia disposto a atender todos os seus desejos”.

     “Ela veio ao mundo paralítica da mão direita e atingida por uma escrofulose. Sua mãe fora levada pela morte logo após seu nascimento. Germana teve que passar toda a sua vida sob a autoridade de uma madrasta que a detestava, maltratava e conservava afastada de seus irmãos e irmãs. Seu pai, Lourenço Cousin, não tinha por sua filha nenhuma espécie de ternura, pouco se inquietando por seus sofrimentos”.

    Embora sendo uma pessoa de mínima instrução, que nunca dera provas de grande inteligência, além do aspecto físico tão depauperado e desprezível aos olhos do mundo, esquecida pelo próprio pai e perseguida pela madrasta incessantemente, comprouve à Providência reunir em torno da vida de Santa Germana todas as razões de humilhação imagináveis, para cumulá-la ainda mais de alegria na vida eterna.

    Rios que se abriam, neves que davam flores…

    “Chegada a hora da Santa Missa, a Bem-Aventurada deixava seu cajado e sua roca, abandonando seu rebanho à guarda do Divino Pastor. Em Germana, a confiança era como uma luz sobrenatural que jamais fora iludida; esta lhe inspirava uma certeza sobre-humana que era posta a serviço de um amor heroico.

    “O rebanho, sempre muito bem guardado, mesmo na entrada da floresta de Bocogne, onde foi várias vezes deixado, jamais teve uma ovelha desgarrada, nem o menor prejuízo causado aos campos vizinhos. O que há de mais, o rebanho estava florescente e não havia em toda a aldeia um rebanho mais belo nem mais numeroso.

    “Nosso Senhor multiplicou os milagres nas mãos de sua caridosa serva, como Ele outrora havia multiplicado entre as suas mãos divinas. Mas esta explicação não veio ao espírito de todos. Acusaram-na de roubar pão da casa de seu pai, e sua madrasta não foi a última a conceber tais suspeitas. Um dia deu-se conta, ou julgou notar que Germana levava em seu avental um certo número de pedaços de pão que não lhe tinham sido dados. Imediatamente tomou um bastão e pôs-se a correr atrás de Germana. Seu furor contra o suposto roubo lhe fez vituperar todas as injúrias que lhe vieram ao espírito. Dois habitantes de Pribac que a viram, tomados de piedade pela pobre menina ameaçada, apertaram o passo com o desígnio de tomar a defesa dela. Quando chegaram perto da pastora, fizeram-lhe abrir o avental e ele não continha outra coisa, senão um magnífico buquê de belíssimas flores, espargindo um perfume delicioso. Jamais os jardins de Pribac tinham produzido flores semelhantes! Não era uma estação de flores, pois estava-se durante um rigoroso inverno…

    “Um dia, Santa Germana não podendo ir à igreja sem atravessar um riacho, o qual, de tal maneira se tinha enchido à noite, tornara-se intransponível, e quando duas testemunhas esperavam para ver o desaponto dela, sem se deter um só instante Germana pôs o pé e as águas se retiraram e fizeram para a humilde pastora de Bocogne o que outrora o Jordão havia feito para a Arca da Aliança e para os filhos de Israel. Os camponeses que estavam lá ficaram tomados de temor e como que fora de si mesmos. Ficaram muito tempo com o olhar fixado sobre Germana que se distanciava a toda pressa, e olhavam para ela e para o riacho que continuava a correr”.

    Surge então outro aspecto de Santa Germana, os milagres que se realizaram em grande quantidade à sua volta, comprovando sua autêntica virtude. Milagres dos quais dois são clássicos, um de separar as águas, como sucedeu ao povo hebraico quando transpunha o Rio Jordão, com a Arca da Aliança. O outro milagre faz lembrar o famoso fato da vida de Santa Isabel da Hungria quando levava pão aos pobres. Ocorreu que um cortesão veio a exprobrá-la, perguntando o que trazia em suas mãos, ao que ela respondeu-lhe: “São rosas”, e abrindo o avental notou que de fato o que havia ali eram rosas… Milagre magnífico, semelhante ao realizado por Santa Germana quando os pães transformaram-se num lindo buquê de flores.

    Milagres como esses poderiam ser uma forma de Santa Germana dar-se conta de sua própria grandeza e orgulhar-se dela. Não obstante, ela foi um modelo indubitável de humildade, mesmo após a enorme fama de santidade intensamente propagada a seu respeito.

    Despretensão, a condição para a santidade

    Aos familiares dela não foi dado ver as qualidades extraordinárias que possuía. Mesmo consciente dos milagres que lhe eram atribuídos, a madrasta a perseguiu maldosamente por uma suspeita de roubo, absolutamente infundada.

    Mas Germana, possuidora de extraordinário equilíbrio, preferiu permanecer em seu estado a pedir a cura que a privaria de suas humilhações, fazendo possivelmente com que não tivesse alcançado a extraordinária santidade a que chegou. Bem poderia ela ter-se utilizado dos milagres para dizer a sua madrasta: “Não percebe quem sou, e que valho sozinha mais do que toda a aldeia de Pribac e as redondezas somadas? Em determinado momento a senhora pode vir a precisar de mim para algum milagre; porém, tratando-me dessa forma, jamais lhe atenderei. E quando adoecer gravemente? Aqui está quem poderá curá-la. Portanto, respeite-me”.

    Ela poderia intimidar por essa forma o ambiente em que vivia, pois todos se curvariam ante suas ameaças. Entretanto, continuando a aceitar todas as humilhações que de início lhe foram impostas pela Providência, Santa Germana recusou o aroma inebriante de seus próprios milagres e das homenagens que lhe eram prestadas, para manter-se fiel até o fim.

    Protetora do Papado

    Pode-se imaginar essa notícia penetrando nos palácios, nos conventos, nas rodas da alta burguesia, e transmitindo a todos os que ouviam, um convite a confiar nas orações dela. Mas vinha juntamente uma afirmação: “É ouvida por Deus a oração daquele que não tem vanglória, pois ela afasta o homem de Deus. Se te queres unir a Deus, abandona a vanglória”.

    Uma mensagem como esta, era uma pregação da humildade contrária ao orgulho característico do século XVI, uma pregação da virgindade contrária à concupiscência efervescente que haveria de culminar na Revolução Francesa.

    “Germana foi invocada a favor de Pio VII e mais tarde de Pio IX. A dupla libertação desses dois Soberanos Pontífices seguiu-se de perto ao pedido que foi a ela feito”.

    Socorrendo a Igreja em terríveis aflições, pedindo por Pio VII e posteriormente por Pio IX,  Santa Germana transforma-se em protetora da mais gloriosa das instituições existentes na Terra: o Papado. Essa foi a grandeza à qual Deus elevou-a.

    Mansidão ou… combatividade?

    Para o católico de nossos tempos há alguma lição a ser tirada da edificante vida de Santa Germana?

    Adaptadas às circunstâncias do mundo de hoje, devemos observar as mesmas virtudes que por ela foram praticadas. O católico de nossos dias deve ser altivo, batalhador, cônscio de seu valor, não esquecendo, porém, de representar perante seu século as virtudes de Santa Germana Cousin. Muitas vezes negado, malvisto, isolado e perseguido, ele vê constituírem-se em torno de si as inimizades mais gratuitas, enquanto desfazem-se as mais fundadas amizades. Ele tem de lutar de peito aberto contra as potências de sua época, remando contra a maré montante dos vícios e desvios de seu tempo. Não raras vezes torna-se ele objeto de desprezo, senão de ódio. Também Santa Germana era objeto de injúrias pessoais, as quais ela humildemente aceitou.

    Ante as injustiças particulares recebidas, devemos recebê-las com mansidão. Entretanto, quando a glória de Deus é tocada, devemos defendê-la como leões. E ao tratar-se de problemas do amor-próprio ou de reivindicações pessoais, devemos ser mansos como cordeiros.

    Teremos imitado, então, a nosso modo, as virtudes de Santa Germana, ora inclinando a cabeça perante as humilhações, ora defendendo a glória de Deus como guerreiros.

    A pastora transformada em rainha

    “Uma noite, dois religiosos surpreendidos pela escuridão se viram obrigados a deter-se numa floresta vizinha para esperar lá a aurora. No meio da noite eles foram acordados por cânticos admiráveis, os seus olhos se abriram, e eles viram uma luz das mais esplendorosas dissipar as trevas. Em alguns instantes essa luz se tornou mais brilhante que o sol. Rodeado por essa luz, um conjunto de virgens apareceu por cima da floresta; elas se dirigiam para Pribac, cantando cânticos maravilhosos. A visão não desapareceu, senão para aparecer uns instantes depois; eram as mesmas virgens que vinham em sentido oposto; elas circundavam uma nova companheira que tinha acabado de juntar-se a elas e que levava sobre a fronte uma coroa de flores nova. Desaparecendo a visão uma segunda vez, deixou os religiosos encantados e conversando sobre o que eles tinham visto e ouvido. 

    “Na manhã seguinte, Lourenço Cousin, pai dela, não a vendo aparecer como de costume — Germana sempre matinal e ativa — foi ao alto da escada, chamando-a. Aproximou-se e a pastora dormia o seu último sono.

    “Havia quarenta anos que o corpo de Germana repousava no campo santo. O coveiro de Pribac, tendo um dia que preparar uma fossa, se pôs ao trabalho no mesmo lugar onde tinha escavado a da Bem-Aventurada. No primeiro golpe de pá ele levantou uma pedra, mas imediatamente se deteve e deitou um brado; ele tinha diante de si um cadáver que parecia todo recente e o instrumento tinha penetrado na carne incorrupta do cadáver.

    “Hoje, seus restos mortais são venerados num relicário cercado de ouro e de luzes. Mais de quatrocentos milagres foram atestados por processos verbais              

    Amigas do homem, as belas e poéticas florestas da França foram o ambiente escolhido pela Providência para o lindo milagre da aparição dos coros das virgens.

    Dois frades de hábito, sandálias, bordão, com alvas e longas barbas a emoldurar-lhes o rosto, realizavam uma longa viagem a pé, rezando recolhidamente. Exauridos pelo esforço, ao cair da noite dormem na própria floresta, tranquilos, à espera de que venha o dia. Alinhados no chão, protegidos pelas árvores, repousam o merecido sono dos justos.

    Aparece então uma luz extraordinária nos primeiros raios da manhã. Eles despertam e indagam-se: o que será? Veem passar uma névoa como que de cristal: é um coro de virgens que atravessam a floresta sem dificuldades em ultrapassar os obstáculos materiais, e desaparecem sobre as montanhas. Passado algum tempo as virgens voltam, trazendo uma a mais, agora sem escrofulose e sem humilhações. E, como nos contos de fada, a pastora transformou-se em rainha, cercada por todas as outras princesas. Caminham alegres para o Céu para receber então a coroa de glória.

    “Deposuit potentes de sede et exaltavit humiles” , o orgulho fora castigado, enquanto a humildade ia ser coroada no Céu.

     

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 20/8/1973)

     

  • A História do Universo e sua interpretação doutrinária

    Para Dr. Plinio, a formação doutrinária de seus discípulos era de capital importância. Por isso, ele não perdia nenhuma ocasião de aprofundar os mais elevados temas. Assim, na conferência abaixo transcrita, encontraremos uma magistral explicação sobre o que Deus teve em vista com a criação do Universo, bem como dos meios por Ele estabelecidos para o perfeito cumprimento de seus desígnios.

     

    Pediram‑me para dar uma aula a respeito da temática do curso para formação de professores de Religião, e me pareceu que seria melhor não propriamente dizer resumidamente aquilo que os senhores devem desenvolver, mas dar a matéria como ela é, para daí tirarem aquilo que convém para os seus alunos.

    Porque, evidentemente, nem tudo o que vai ser dito nesta aula convém aos alunos; mas é uma grande vantagem para o professor conhecer além do que ele vai ensinar. Propriamente só se impõe ao prestígio do aluno o professor a respeito do qual o aluno percebe saber muito mais do que ele está ensinando.

    A respeito desta temática, nós poderíamos dividir a matéria da seguinte forma:

    I – O fim que Deus teve em vista ao criar;

    II – Os meios por Ele estabelecidos para que esse fim fosse realizado pelas criaturas;

    III – Qual o uso desses meios feito pelas criaturas e em que medida elas se dirigiram para esse fim.

    As duas primeiras partes são doutrinárias, a terceira é histórica. Trata-se de uma interpretação doutrinária da História.

    Finalidade da criação

    O que Deus teve em vista criando?

    Como fim último, ao criar, Deus teve em vista a sua própria glória extrínseca.

    Em Deus — também no homem — nós podemos distinguir a glória intrínseca da glória extrínseca.

    Noções de glória intrínseca e de glória extrínseca

    O que é a glória intrínseca? É o esplendor, a manifestação de dentro para fora das qualidades gloriosas de um determinado ser.

    Por exemplo, Nosso Senhor Jesus Cristo no alto da Cruz, transformado, segundo diz a Escritura, num leproso, tinha glória intrínseca. Quer dizer, Ele tinha um abismo de méritos, um abismo de virtudes, um abismo de capacidades; mais ainda, algo disso filtrava para fora, apesar de tudo quanto a flagelação e a Paixão introduziram de deformante n’Ele. Os senhores considerem, no Sacro Sudário de Turim, a face de Nosso Senhor depois de ter passado por tudo aquilo, e compreendem que transparecia n’Ele uma glória. Essa glória era a transparência externa de algo interno que residia n’Ele: era a glória intrínseca d’Ele.

    A glória extrínseca é a glória que outros dão, que outros reconhecem, que outros tributam.

    Por exemplo, Nosso Senhor ao entrar em Jerusalém, aclamado pelos judeus, tinha glória extrínseca e intrínseca, enquanto que Nosso Senhor, no alto da Cruz, tinha apenas a glória intrínseca.

    No alto da Cruz a glória extrínseca não Lhe estava sendo dada. Ele tinha a glória, porque tinha o louvor de Nossa Senhora, e o louvor de Nossa Senhora vale insondavelmente mais do que desmerecem as blasfêmias de todos os judeus e de todos os demônios somados; mas exceção feita de Nossa Senhora, e digamos que das santas mulheres, Ele ali não tinha glória extrínseca, todo o mundo estava injuriando a Ele.

    Na coluna da flagelação Ele não tinha glória extrínseca. Ninguém, dos que estavam lá assistindo a flagelação, glorificava a Ele.

    Essa é a diferença que vai entre a glória extrínseca e a glória intrínseca.

    A glória intrínseca é a posse de todas as perfeições. Isso dá ao indivíduo uma glória interna que ninguém pode lhe negar.

    A glória extrínseca é o reconhecimento dessas perfeições pelos outros e o louvor que eles dão a essas perfeições.

    Uma pessoa pode ter muita glória intrínseca e nenhuma extrínseca. É, por exemplo, o caso de uma pessoa que seja injustamente perseguida.

    Glória intrínseca e extrínseca de Deus

    A glória intrínseca, Deus a tem infinita, eterna, absoluta e nenhuma criatura pode aumentá-la.

    A glória extrínseca — quer dizer, a glória que Lhe vem de fora — as criaturas que Ele criasse Lhe podiam dar: louvando, reconhecendo as qualidades d’Ele, prestando homenagem a Ele, amando-O, servindo-O.

    Para isso Ele criou: para sua glória extrínseca.

    Meios estabelecidos por Deus para que as criaturas realizassem o fim para o qual foram criadas

    A glória extrínseca de Deus provém da excelência das criaturas feitas por Ele; ou seja, da semelhança das criaturas com Ele. Porque tudo o que é excelente é semelhante a Ele, e a semelhança das criaturas com Ele é a glória d’Ele. Nisso está a glória que as criaturas Lhe dão.

    Por exemplo, esta água que eu estou despejando aqui e que, por coincidência, é uma água cristalina e transparente, dá glória a Deus porque as suas qualidades têm um vestígio das perfeições divinas. Algo do ser espiritual, no que ele tem de diáfano, no que ele tem de puro, no que ele tem de imaterial, se reflete na água cristalina; há um vestígio da glória de Deus nisso, e a água dá glória a Deus.

    Mas os seres inteligentes e dotados de vontade dão glória a Deus, além disso, conhecendo a Deus, amando‑O, com isso tornando suas almas semelhantes a Ele, e servindo‑O. É assim que dão glória extrínseca a Deus.

    Um homem não dá uma glória extrínseca a Deus como um boneco. O homem é vivo, é dotado de inteligência, deve querer ser parecido com Deus. Tudo quanto há nele de semelhante a Deus ele deve aprimorar, tudo quanto o poderia levar para longe de Deus ele deve rechaçar; ele deve adorar a Deus, deve servir a Deus, deve louvar, deve dizer a Deus que O ama. É por essa forma que ele tributa glória a Deus.

    Porque Deus criou seres diversos, e não apenas um só?

    Deus criou. Podia Ele criar uma só criatura para Lhe dar glória? Ou, a criar, teria que criar várias criaturas?

    Absolutamente falando, Deus não precisa criar criatura nenhuma, porque Deus não tem necessidade da glória extrínseca que nós lhe damos; ela convém, mas não Lhe é necessária. Mas, a criar, Ele poderia criar uma criatura só? Pode haver uma criatura só que dê suficiente glória extrínseca a Deus?

    Esta matéria é muito discutida entre os teólogos. Eu me inclino para a ideia de que nenhuma criatura sozinha, nem mesmo Nossa Senhora em sua indizível perfeição, seria suficiente para dar glória a Deus; e que Deus, a criar, teria que criar várias criaturas, porque Deus é tal que em nenhuma criatura há possibilidade de refletir todas as suas perfeições.

    Donde, então, são necessárias muitas criaturas. Quer dizer: a criação necessariamente envolveria muitas criaturas.

    O pressuposto que está nessa minha afirmação é que para que a criação dê suficientemente glória a Deus, precisa ser um reflexo amplíssimo d’Ele; não que reflita com toda a propriedade cada um dos atributos d’Ele, mas deve refletir, nas limitações de toda criatura, os atributos d’Ele.

    Ora, os atributos d’Ele são tais que uma criatura não os pode conter todos em forma suficiente para refletir.

    E então é necessário que haja muitas criaturas.

    O conjunto das criaturas forma uma coleção que reflete as perfeições infinitas de Deus

    Daí tiramos a conclusão de que toda a criação é uma espécie de coleção, e que Deus criou os seres de maneira que cada ser existente reflita, de um modo inconfundível, um dos atributos d’Ele. De maneira que um atributo d’Ele pode ser refletido por dez milhões de seres, pouco importa; mas cada um reflete, de um modo inconfundível, um aspecto daquele atributo divino.

    Por exemplo, o canário reflete certo atributo de Deus; mas imaginemos todos os canários que houve desde o começo do mundo até o fim. Se alguém pudesse considerar a “ordem canária” compreenderia que forma uma coleção em que aquele atributo específico, que o canário apresenta, é desenvolvido e representado de um modo inconfundível por um conjunto enorme de seres, os quais formam uma coleção; que ela, sim, dá o total do quadro desse atributo.

    Isso que podemos dizer dos canários, podemos dizer também, por exemplo, dos camarões; nós o podemos dizer de tudo quanto queiram.

    Nós o devemos dizer, sobretudo, dos anjos.

    A criação angélica foi feita de tal maneira que no seu todo, com as miríades de anjos que há e que são incontáveis, ela dá um quadro total de Deus. E é uma “coleção‑espelho”, em que cada anjo não repete o outro, porque Deus não gagueja.

    O homem que tem um defeito de locução, para dizer uma coisa pronuncia duas sílabas, uma das quais é supérflua. Mas Deus não vai, ao fazer o espelho da sua glória, pôr um indivíduo “gago” dentro; quer dizer, um indivíduo que seja um gaguejar, que repita viciosamente o que o outro já diz, o que outro já é.

    De maneira que os anjos constituem uma prodigiosa coleção, uma fabulosa coleção, na qual os atributos de Deus estão devidamente espelhados: tronos, dominações, querubins, serafins, potestades, virtudes, simples arcanjos — simples arcanjos!, pobres de nós!, é como quem dissesse: simples imperadores… —, anjos, todos eles são, no total, uma imagem de Deus.

    Mas se examinamos as várias ordens angélicas dentro de si, cada uma delas é uma espécie de coleção dentro da coleção; é a representação de um atributo dentro do atributo.

    E assim nós poderíamos ir ao infinito, percebendo, então, que a criação angélica não é uma espécie de imensidade dentro da qual nos perdemos, mas é uma imensidade orgânica. São figuras que formam figuras, que formam figuras que formam a Grande Figura. E é a vastidão insondável dos seres celestes criando a imagem perfeita de Deus.

    As criaturas refletem “totus sed non totaliter” as perfeições infinitas de Deus

    O conjunto da criação não é um reflexo de Deus idêntico a Ele; a criação reflete a Deus “totus sed non totaliter”(1); quer dizer, reflete a Deus no seu vulto geral, mas não possui as perfeições d’Ele, que é uma coisa diferente.

    Eu dou um exemplo. Suponhamos um filho sumamente parecido com o pai e que tenha todas as qualidades do pai; reflete o pai, mas não totalmente; porque o filho é da mesma natureza que o pai, ele pode ter os mesmos atributos que o pai, mas não é idêntico ao pai. Assim, nós não refletimos a Deus totalmente, senão nós seríamos deuses.

    A criação reflete a Deus como uma figura de espelho reflete a pessoa, para usar um exemplo que não é muito preciso. Quer dizer, o reflexo é apenas uma figura, não é uma pessoa, não tem aquela natureza.

    A criação angélica espelhava magnificamente a Deus.

    Deus, sendo um abismo infinito de todas as perfeições, por algum lado é sumamente majestoso, mas por outro lado Ele é sumamente gracioso. Há animais que refletem a majestade de Deus, por exemplo, o leão; há animais que refletem algo de indizivelmente gracioso que existe em Deus, por exemplo, o beija‑flor, que já é outro atributo; o trovão reflete, por sua vez, Deus enquanto puniente; o cordeiro reflete Deus enquanto capaz de perdoar, enquanto manso, enquanto pacífico.

    Quer dizer, Deus tem um número indizível de atributos, ou seja, de qualidades; cada criatura espelha uma qualidade; o conjunto delas espelha o conjunto das qualidades divinas.

    Então no que está a infinitude de Deus? Está em que cada uma dessas perfeições é infinita, ou cada uma dessas qualidades é infinita.

    Caso Deus não tivesse criado os homens, Ele receberia uma glória total só dos anjos, como até, a seu modo, Ele recebe dos animais ou das pedras.

    A seu modo, cada uma dessas ordens dá uma glória diferente, como dariam várias sinfonias diversas.

    A criação é como um conjunto de orquestras que cantam a glória de Deus

    Deus ia criar como que várias grandes orquestras diversas: a criação angélica e a criação humana, cada uma cantando as glórias d’Ele a seu modo, cada uma dando a Deus um reflexo total d’Ele; mas também a criação animal, a criação vegetal e a criação mineral, dando, cada uma, reflexos totais d’Ele.

    Nós compreendemos, então, para que o homem, o anjo e todos os seres foram criados; compreendemos que a criação realiza sua finalidade cantando a glória de Deus, amando a Deus.

    Compreendemos que Deus faz residir a sua glória, não tanto numa só criatura, mas em conjuntos de criaturas, porque o conjunto é melhor do que cada parte.

    Então compreendemos a criação do universo.

    Estava constituído um todo do qual o Gênesis diz que Deus descansou no sétimo dia, considerando a sua obra. Esse descanso é exatamente a alegria por sentir a criação que Lhe está dando glória, e vendo que cada coisa era boa e o conjunto era ótimo.

    É bem a doutrina que estamos dando: o conjunto do universo é magnífico.

    O plano doutrinário está tratado.

    Continua no próximo número…

     

    Plinio Corrêa de Oliveira (Extraído de conferência de 17/1/1967)

    Revista Dr Plinio 159 (Junho de 2011)

     

    1) Todo, mas não totalmente.

     

  • São João Batista

    Suscitado para predispor as almas a receberem o Divino Salvador, São João Batista “abatia as colinas e preenchia os vales,,, ou seja, calcava aos pés o orgulho e eliminava a impureza. Foi, além disso, um magnífico exemplo de destemor, ao exprobrar a impiedade e o pecado do rei Herodes. Esse homem que de tal modo abatia a sensualidade, lutava contra o orgulho,  cortava o caminho aos ímpios e servia de modelo de penitência, era digno de ser o precursor de Nosso Senhor Jesus Cristo!